PESSOAS DESAPARECIDAS E A ANGÚSTIA DOS QUE BUSCAM RESPOSTAS

Um artigo escrito pelo psicólogo clinico e comunicador Arif Calacina

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A cada ano, no Brasil e no mundo, o registro de desaparecimento de pessoas

vêm aumentando, consequentemente amplificando a dor e o sofrimento de inúmeras

famílias.

De 2019 a 2021, mais de 200 mil pessoas desapareceram no Brasil, o que dá

uma média de 183 desaparecimentos por dia. Os dados são do estudo Mapa dos

Desaparecidos no Brasil, divulgado em maio de 2023 pelo Fórum Brasileiro de

Segurança Pública. Acredita-se que o número real de desaparecidos seja ainda maior,

pois muitos casos não são registrados.

A maioria dos desaparecidos é composta por jovens, crianças e adolescentes,

mas adultos também são vítimas. As causas dos desaparecimentos são variadas,

incluindo sequestros, fuga de casa, acidentes e até mesmo casos de exploração

sexual, entre outros. Algumas regiões do país apresentam índices mais elevados de

desaparecimentos, como as grandes cidades e as áreas de fronteira.

Diversas instituições, como polícia, bombeiros e organizações não

governamentais, trabalham para localizar as pessoas desaparecidas. No entanto, os

desafios são grandes, especialmente em casos de longos períodos sem informações.

Algo que permeia o campo emocional de pessoas que viveram ou vivem essa

experiência é a incerteza sobre se seus familiares desaparecidos estão vivos ou

mortos. A morte é, ainda, um grande tabu para a condição humana por se configurar

um mistério quase indecifrável ao campo filosófico e psicológico, embora,

biologicamente falando, saibamos a razão da morte. Nesse quesito, o luto é um

processo de suma importância para o psiquismo humano quando se trata da superação

da dor pela ausência de um ente querido, contudo, essa dor se torna ainda mais

intensa quando não se tem certeza do destino de uma pessoa amada, potencializando,

de certa forma, esse luto, difícil de ser elaborado por não haver uma presença física,

um corpo a ser velado, o que, simbolicamente, permitiria o encerramento de parte

desse ciclo, da experiência humana.

Quando esse processo, descrito acima, não se concretiza, as possibilidades de

disfunções psíquicas são elevadas. Exemplo disso é a ansiedade que acompanha

essas pessoas, quase que constantemente, pela ausência e pela expectativa de um

reencontro iminente. Em casos mais severos, a depressão é o transtorno mais comum

a se associar à ansiedade. Cada pessoa, independente do gênero ou classe social,

expressará a dor sentida à sua maneira.

O tema exposto é de extrema complexidade, o que requer maior

aprofundamento, a começar pelo poder público, no intuito de ampliar e otimizar as

políticas públicas, no campo da segurança e saúde, que possam amparar com maior

eficiência as famílias que passam por essa situação, pois o suporte profissional -

médico e psicológico - é de suma importância para amenizar, na medida do possível, o

sofrimento vivido.

Matérias e Artigos sobre o assunto

Em 2017 a reportagem feita pela Revista Novo tempo falou sobre o assunto veja o video abaixo:

Esses e outro videos podem ser vistos atraves do canal: https://www.youtube.com/@RevistaNT

Artigos:

NEHER, Carlos Roberto. Desaparecidos no Brasil: Relatos e Experiências. 1. ed. [Local da publicação]: [Editora], 2017. Disponivel em: https://www.academia.edu/15524665/O_desaparecimento_de_pessoas_no_Brasil

"NAQUELA época não se ouvia falar de desaparecido": família e maternidade na militância do desaparecimento de pessoas no Brasil. Mana, v. 25, n. 3, p. 605–632, set./dez. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-49442019v25n3p605.